Transparência e beleza

Vantagens pesam na decisão de substituir alvenaria por vidros em projetos

Rapidez na instalação e variada oferta de produtos são diferenciais. Mas é preciso estar atento à insolação e à ventilação

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postado em 20/04/2013 09:00 / atualizado em 19/04/2013 16:58 Elian Guimarães /Estado de Minas
Na Região Central de Belo Horizonte, o MinasCentro foi um dos primeiros prédios públicos a aderir aos muros transparentes - Jackson Romanelli/EM/A.D PRESS Na Região Central de Belo Horizonte, o MinasCentro foi um dos primeiros prédios públicos a aderir aos muros transparentes

O Brasil está entre os maiores produtores de vidro do mundo e é o maior da América Latina, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Vidros (Abividro). Desde 1980, esse tradicional produto vem conquistado mais espaço na arquitetura e na construção civil. Utilizado com frequência em fachadas, coberturas, pisos, divisórias, portas, janelas, escadas e até em substituição a paredes inteiras de alvenaria, é um elemento de segurança também em guarda-corpos, permitindo a interação entre os meios externo e interno. Proporciona ainda visibilidade e segurança.

A indústria de vidros evoluiu muito nas últimas décadas, conforme reconhece o vice-presidente da área de materiais, tecnologia e meio ambiente do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon-MG), Geraldo Jardim Linhares Júnior: “A utilização do vidro depende muito da concepção do projeto. Compramos esquadrias para as construções que já vêm prontas com o vidro instalado. Em obras de alto padrão de arquitetura e ambiente houve um grande crescimento da procura por produtos feitos com esse material, porque já são equipamentos estruturados, usados em empreendimentos que utilizam vidro até mesmo como escada, corrimão, até a criação de ambientes completos, com paredes e móveis de vidros.”

Veja mais fotos da aplicação de vidros na arquitetura e decoração

Para a arquiteta e professora do departamento de tecnologia da Escola de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Roberta Vieira Gonçalves de Souza, antes da utilização do vidro nas construções não havia elemento de contato com o ambiente externo protegendo de situações adversas, como o excesso de calor, umidade e segurança. Nos países de clima quente, ele deixa passar uma carga térmica de insolação caso não seja bem utilizado: “Não se trata de o elemento ser bom ou ruim, mas sim saber utilizá-lo em quantidade adequada, avaliando a entrada direta do sol e o fator de iluminação. Mas é preciso um bom projeto”.

Vice-presidente do Sinduscon-MG, Geraldo  Linhares cita a vantagem de que já são equipamentos prontos para instalação - Sinduscon/Divulgação Vice-presidente do Sinduscon-MG, Geraldo Linhares cita a vantagem de que já são equipamentos prontos para instalação
O vidro tecnologicamente tratado, segundo Roberta Vieira, pode diminuir a entrada de calor e ajuda na vedação do som. Para ela, “a boa arquitetura deve se adequar ao uso da tecnologia.” O vidro traz também algumas vantagens, como o baixo peso para a estrutura, e pode ter aplicações internas como bancadas e em alguns móveis, o que resulta, além da estética, na otimização do tempo da obra, uma vez que o produto é fabricado, muitas vezes, sob encomenda ou já vem pronto, de fácil instalação, reduzindo o uso de mão de obra.

Quanto ao custo, Roberta explica que primeiramente é preciso pensar na relação custo/benefício. Ao se pensar na vida útil de uma edificação, com a utilização de um material mais caro, é preciso avaliar se esse gasto compensa pelo tempo de duração e pela redução também da conta de eletricidade: “Ou aumentá-la se não houver um controle da carga térmica. Quanto mais sofisticada a tecnologia, mais cara ela é, mas tudo deve ser bem avaliado.”

Normatização

Existem normas técnicas genéricas sobre a utilização de vidros na construção civil. Criado há um ano o Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU/BR) estuda normatizações para o uso desse material, segundo informa o assessor da presidência do órgão e ex-presidente do Instituto dos Arquitetos do Brasil Gilson Paranhos. Para ele, algumas normas poderiam ser mais lógicas: “Nada impede, por exemplo, que o vidro comum seja usado em corrimão, parapeitos e fachadas. Entretanto, no que diz respeito à segurança, deve ser utilizado o vidro temperado, que em vez de quebrar, estilhaça, oferecendo, portanto, menores riscos de acidentes que provoquem cortes ou ferimentos quando se quebram”.

Gilson cita o arquiteto carioca, radicado na Bahia, João Filgueiras de Limas (o Lelé), que, segundo destaca, “sabe utilizar os vidros, dando transparência ao ambiente, mas ao mesmo tempo faz projetos que se preocupam com ventilação e luz natural, conjugados com espécie de venezianas que protegem dos efeitos do sol e do vento.”

Cinco mil anos de evolução
De porta-retratos a grandes edificações, a demanda é atendida pelas empresas que atuam no segmento de vidros

O vidro é um produto sazonal, segundo o gerente-geral da Divinal Vidros de Minas Gerais, Abdo Moreira de Andrade, que em determinados momentos da economia apresenta crescimento e em outros fica estagnado. Nos primeiros meses deste ano, ele constata que o primeiro momento prevaleceu, com um mercado relativamente mais estagnado.
Reprodução/Internet

“Trata-se de mercado pulverizado e muito equilibrado no que se refere aos tipos existentes. Segundo Abdo, a Divinal atende todos os segmentos, desde um porta-retratos, até grandes edificações. Além do que diz respeito à decoração e à construção, a empresa comercializa também a mais inovadora tecnologia da indústria vidraceira, como os materiais que permitem controle solar”, completa.

Abdo lembra, ainda, que o vidro é praticamente o único material empregado na construção civil que além de fechar o espaço consegue, ao mesmo tempo, integrar o homem à natureza e ao mundo exterior. É considerado mais barato que a alvenaria, observa, além de “embelezar e enobrecer qualquer edificação”, assegura Abdo Moreira.

A oferta no mercado é bastante ampla e variada. Existem vidros de controle solar, termoacústicos, autoportantes, autolimpantes, laminados, decorativos, antirreflexo, à prova de projétil balístico, anti-vandalismo, de segurança, entre outros.

"É praticamente o único material que integra o homem à natureza" - Abdo Moreira de Andrade, gerente-geral da Divinal
A entrega, segundo Abdo Moreira, depende de corte e lapidação e pode levar até cinco dias. Para os produtos sob medida, a espera é de até 30 dias. Ele explica que todo vidro, quando uma determinada edificação estiver sendo projetada, depende de especificação para ser bem empregado, extraindo o máximo de proveito. Primeiramente, ele recomenda que se consulte um arquiteto, engenheiro, decorador ou um profissional conhecido como “especificador” de vidros para a construção.





MEMÓRIA: Descoberta foi acidental


A história do vidro remonta a 5000 a.C., quando mercadores fenícios descobriram acidentalmente ao fazer uma fogueira na beira da praia, sobre a qual apoiaram blocos de nitrato de sódio para segurar suas panelas. O fogo, aliado à areia e ao nitrato de sódio, resultou em um líquido transparente. Estava criado o vidro. Em 100 a.C., os romanos o produziram com técnica de sopro em moldes para janelas. Em 300 d.C., o imperador Constantino passou a cobrar taxas e impostos a vidreiros. Em 1300, o vidro moldado a rolo foi introduzido em Veneza. Ainda, nesse período foi descoberto o processo por sopro de cilindros, o que revolucionou a produção. Da idade média em diante, a fabricação de vidros tornou-se um processo sigiloso, fabricado por peritos, guardados contra espionagem industrial. William Clark tentou fabricar folhas em St. Helens (Reino Unido) em 1857, mas o problema de acinturamento só foi resolvido por Fourcault em 1904, na Bélgica. No século XX, surgiram três centros de produção, a França, Inglaterra e Bélgica. Na década de 1920, houve aumento da demanda pela indústria automobilística, o que levou a Ford a criar processo de produção em massa. Em 1938, Pilkington Brothers (Reino Unido) criou uma máquina de prensagem com cilindros, desgaste e polimento, operado comercialmente. A partir daí o produto evoluiu.

Tipos

» Temperado:
cinco vezes mais resistente que o comum por levar choque térmico na fabricação

» Laminado: duas ou mais placas de vidro levam no miolo uma película (PVB, EVA ou resina)

» Aramado: malha de aço no meio da massa aumenta segurança e faz isolamento termoacústico

» Refletivo ou espelhado: reflete a luz e não absorve tanto calor

» Low-E: adequado a países de clima frio, para manter o ambiente interior aquecido

» Serigrafado: impregnado de tinta no forno da têmpera, fica colorido

» Jateado: jatos de areia ou pós abrasivos fazem desenhos opacos na superfície

» Impresso: recebe relevos e texturas na superfície durante o processo de fabricação

» Acidado: submetido a solução ácida, fica opaco

» Blindado: camadas plásticas entre as lâminas amortecem impacto e aumentam resistência

» Autolimpante: com óxido de titânio, impede fixação de sujeira ao receber raios ultravioleta

» Resistente ao fogo: com lâminas intercaladas com material químico, dilata quando atinge 120 graus centígrados

Fonte: Publicação Arquitetônico/UFSC/novembro 2011

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